Acusado de lançar rojão que matou cinegrafista é condenado a 12 anos de prisão

O artesão C.S.S., um dos acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão durante uma manifestação na Central do Brasil, em 2014, foi condenado a 12 anos prisão em regime incialmente fechado. O réu poderá recorrer em liberdade. Já o outro acusado, o tatuador F.R.B., foi absolvido pelo Conselho de Sentença do 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.

A sentença foi proferida na madrugada desta quarta-feira (13/12) pela juíza Tula Correa de Mello, que presidiu a sessão de julgamento que durou quase 12 horas. F.R.B. e C.S.S. haviam sido acusados pelo crime de homicídio doloso qualificado por emprego de explosivo. Porém, os jurados concluíram que não existiu o dolo eventual em matar a vítima, o que levou à desclassificação do crime. Com isso, a competência para julgar C.S.S., que foi quem acendeu o rojão, passou a ser da juíza Tula Correa de Mello, que o condenou pelo crime de lesão corporal seguida de morte.

O julgamento começou durante a tarde de terça-feira (12) e avançou pela madrugada desta quarta-feira, terminando por volta das 2h. O júri popular era formado por cinco homens e duas mulheres.

Primeiro dos réus a depor, F.R.B. disse que era um frequentador das manifestações e protestava contra o governo. No dia 6 de fevereiro de 2014, chegou na manifestação por volta das 18h30 e que percebeu um grande tumulto. Na correria, disse ter visto no chão um objeto preto, pegou por “curiosidade” sem saber que era um rojão.

Ainda segundo F.R.B., C.S.S. pediu insistentemente pelo artefato e ele entregou. Em seguida, saiu com os olhos muito irritados devido ao gás lançado pelos policiais. Afirmou não ter visto o momento em que C.S.S. acendeu o rojão e nem quando o explosivo atingiu Santiago.

C.S.S., por sua vez, falou sobre sua culpa por ter causado a morte de Santiago.

“Eu passo todo dia pela Central do Brasil e carrego o peso da minha mochila, mas também carrego o peso de ter matado um trabalhador. Todo dia eu carrego peso do meu trabalho e o peso de ter matado um trabalhador.”

Em seu depoimento, C.S.S. afirmou que conhecia F.R.B. de vista, mas que não sabia o nome dele. Que o viu no momento que passava pela praça, e que F.R.B. perguntou se ele tinha um isqueiro. Respondeu que sim e pediu o que ele tinha nas mãos, afirmando que iria acender o artefato. C.S.S., no entanto, disse não saber que se tratava de um rojão.

Depois de acender e colocar o artefato no chão, deixou o local. Disse ainda que só teve a confirmação do motivo da morte do cinegrafista nos dias seguintes, com a repercussão na imprensa – até então, achava que tinha sido provocada por bombas jogadas pela Polícia Militar.

“Se eu tivesse consciência do que era e o que poderia causar, eu jamais iria pegar na minha mão. Eu vi outras pessoas soltando algo que fez uma explosão de cores. Foi isso que quando o Fábio me passou, foi isso que ele me falou.”

Além de F.R.B e C.S.S., prestaram depoimentos cinco testemunhas, sendo três de acusação e duas de defesa.

Processo 004581357.2014.8.19.0001

AB/MB

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